Tese vencedora aborda o graffiti e a street art no espaço urbano propondo uma leitura queer e feminista

23/11/2022 - 15h30 | Edição 2022

Sofia Pinto / Foto: Acervo Pessoal

É na originalidade e transgressão dos padrões normativos que a tese de Sofia Pinto, intitulada Urban Failures & Other Imaginations: Walking, Writing, and Transgressing the Gendered City, se situa. Desenvolvida no âmbito do Doutoramento em Estudos de Cultura e defendida em 2021, na Universidade Católica Portuguesa, esta tese foi orientada pelos Professores Doutores Alexandra Lopes e Mathias Danbolt. A tese de Sofia Pinto articula a street art, o graffiti e as práticas ou performances de intervenção e resistência em superfícies urbanas com uma análise disruptiva de padrões normativos no espaço público, seguindo uma perspetiva política, interdisciplinar, intercultural, feminista e queer, que discute as questões de poder, as políticas do fazer, representatividade, performatividade e narração.

Os espaços públicos do dito e não-dito espelham produções sob o signo do anonimato e da vulnerabilidade/precariedade, que constituem uma oposição que questiona a norma/regra e a “visão neoliberal do espaço urbano”, segundo a autora. A tese faz uma leitura alternativa do espaço da cidade, atravessado por desigualdades de género e as suas transgressões/resistências, desafiando e discutindo o potencial político e as limitações para as mulheres no mundo do graffiti e da street art desde a sua produção até à sua receção.

Para o júri da 2ª edição do Prémio, além da “originalidade do estudo e da sustentação teórica sólida, a tese segue um caminho metodologicamente criativo, realizando uma investigação etnográfica, entrevistas, imersão no território real e virtual, observação participativa a par de uma criteriosa análise de texto e imagem, que questiona e impacta a realidade contemporânea, tanto em Portugal como no Brasil”.

No contexto desta 2ª edição do Prémio Virgínia Quaresma, foram atribuídas, pelo júri, duas menções honrosas, nomeadamente ao Doutor Nicola José Frattari Neto, pela tese A Classe Trabalhadora e Seus Lugares: modos de vida dos de baixo nas terras às margens do Tijuco, Minas Gerais (1850-1950), defendida em 2022, na Universidade Estadual de Campinas (Brasil), no Programa Doutoral em Educação, sob a supervisão da Professora Doutora Débora Mazza, e à Doutora Mara Pieri, pela tese Chroniqueers: time, care and visibility in narratives from queer people with a chronic illness, defendida em 2021, na Universidade de Coimbra (Portugal), no Programa Doutoral Human Rights in Contemporary Societies, sob a supervisão dos Professores Doutores Bruno Sena Martins e Elia Arfini.